2013 – Águia de Prata – Mogi da Cruzes – Sinopse, Letra e áudio

Publicado por Rota do Samba em

Carnaval 2013

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ENREDO: “Da saliva dos Deuses à peçonha da serpente, Meu veneno é coisa pura, tanto mata quanto cura”

Todas as substâncias são venenos; não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.”              Paracelsus (1493-1541)

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SAMBA ENREDO 2013 G.R.C.E.S ÁGUIA DE PRATA
COMPOSITOR: ITO MELODIA
INTERPRETES: CHOCO,EMILIO E TONI

LETRA:

É CARNAVAL! TÔ ENVENENADO NA AVENIDA
O MEU VENENO É PODEROSO
UM SIMPLES TOQUE É PERIGOSO,
UMA AMEAÇA, A PICADA É FATAL,

UMA DEFESA VITAL.
DA MITOLOGIA VEM A CRIAÇÃO
DE UM PEÇONHENTO ESCORPIÃO,
DEIXA A ARANHA TECER
VIÚVA NEGRA VIVER,
SERPENTES, SAPOS DE PAPO PRO’AR
TEM ÁGUA VIVA QUEIMANDO NO MAR

É MILENAR, TEM VENENO NA HISTÓRIA,
ERVAS, PORÇÕES MARAVILHOSAS,
SALIVAS MILAGROSAS

NO EGITO A COBRA PICOU
A RAINHA MORREU DE AMOR,
DO LADO DE CÁ, O PAJÉ TEM O DOM DE CURAR,
E OS ALQUIMISTAS, ARTISTAS DA LITERATURA,
CONTOS DE FADA, FILME DE TERROR
DRAMA, NOVELA, A VIZINHA FALOU, E MUITO MAIS
QUE A GENTE POSSA IMAGINAR
TANTO MATA QUANTO CURA CHAMA A BENZEDEIRA
QUE O POVO CANTOU E APLAUDIU
BUTANTÃ É VITAL BRASIL

EU SOU ÁGUIA DE PRATA, AQUI É MEU LUGAR
TÔ CHEIO DE AMOR VOU TE CONQUISTAR,
VOU VOAR.

Apresentação

A Águia de Prata traz o veneno para a avenida, nosso carnaval é a representação de um veneno benigno, sublime, caridoso, de alma limpa, de um poder prazeroso, enfim, um veneno que cura. Nosso desfile usa o “veneno da alegria” para contagiar a passarela do samba.

Das referências mitológicas, passando pela presença histórica, até o veneno no dia a dia, a Águia de Prata apresenta, em doses corretas, as substâncias que marcaram nossas vidas.

Desenvolvimento da argumentação histórica

1º SETOR – VENENOSOS E PEÇONHENTOS

É notável como o sistema defensor da natureza  é potencializado ao simples sinal de perigo: os animais ofídios, anfíbios, aracnídeos, equinodermos, artrópodes, enfim os peçonhentos são as representações ideais do venenífero aos humanos. Os animais desencadeiam sua defesa vital, podendo ser por presas (cobra), bolsa (sapo), ferrão (abelhas), aguilhão (escorpião), caniços (ouriço do mar) entre tantas outras formas de defesa.

O escorpião detém o título de um dos mais temidos aminais peçonhentos, o escorpião tem glândulas de veneno e um ferrão pontiagudo localizado na cauda e está relacionado no grande grupo de animais venenosos, que para se defender e atacar, desenvolveram habilidade de produzir substâncias químicas poderosas, sendo capazes de gerar diferentes tipos de reação orgânica no animal ou ser humano quando as injetam, geralmente acompanhada de muita dor, sua referência mitológica esta associada à lenda da criação, por meio da batalha mitológica entre Scorpion e Orion.

Na mitologia grega o escorpião foi o animal enviado por Ártemis (deusa da caça) para matar Órion. Diz a lenda que Ártemis, fria e vingativa, sentia-se prejudicada as suas atividades de caça pelo gigante caçador Órion.

As aranhas são produtoras de teia e seda, utilizam veneno com defesa e alimentação, algumas possuem visão bem desenvolvidas e são excelentes caçadoras. Variam de 0,5mm de comprimento até vários centímetros, como a tarântula e a caranguejeira. Apenas popularmente, a viúva negra é a mais temida. A seda das aranhas é parecida com a das lagartas, composta por várias proteínas. A teia é secretada por glândulas sericígenas, localizadas dentro do abdome.

As aranhas são tecedeiras da sua própria casa, que é ao mesmo tempo armadilha  e armazém.

Apesar da sua grande fragilidade, nas mitologias antigas a sua teia é associada ao cosmos e a aranha é assim uma criadora do Mundo em muitas tradições. Para algumas culturas, ela é responsável por tecer a realidade.

Naturalmente, ao se pensar em animais venenosos logo vêm à mente as cobras ou serpentes, porém, vale a pena fazer uma distinção entre venenoso – isto é, o animal que produz a toxina, mas não tem estruturas inoculadoras, como os sapos ou rãs, – e peçonhento – o animal que além de produzir a toxina possui estruturas para sua inoculação, as serpentes, por exemplo, possuem presas para inocular o veneno em suas vítimas. Entre as serpentes peçonhentas, a mais conhecida no Brasil talvez seja a cascavel, no entanto, são as jararacas, as responsáveis por cerca de 90% dos acidentes com cobras registradas no Brasil.

Perigo até em baixo d’água, as águas-vivas conhecidas como vespas do mar é um dos seres marinhos mais venenosos. Seus tentáculos, devido à presença de nematocistos, podem causar ferimentos letais em banhistas. Elas costumam viver nas costas australianas, o veneno delas é tão poderoso que pode matar uma pessoa em até 40 minutos.

2º SETOR – O VENENO NA HISTÓRIA

A milenar herança cultural, espetacularmente  magnífica, transporta-nos  a fantástica terra dos faraós, em que se utilizavam de drogas potentes como ópio (veneno) e o bálsamo (perfumado) para eternizar (mumificar) o corpo dos importantes do Egito. Lá se descobriu o veneno, e de um modo empírico descobriu-se também um antídoto para sua cura. Da mitologia nórdica, (Kvasir) e na Epícia (Shu, o ar e Tefnut, a umidade) são seres criados pela saliva dos deuses, Da mitologia Hindu temos Dhanvantari, deus da medicina que é descrito como um ser de 4 braços, segurando ervas medicinais em uma mão e o néctar da juventude em outro.

A saliva é considerada um símbolo da criatividade e da destruição. No interior úmido da boca, a saliva seria uma espécie de semente da palavra, seria uma secreção natural com a capacidade de curar ou corromper, unir ou dissolver, aplacar ou ofender. Jesus, na cura do cego, se utiliza da saliva como instrumento, em contraponto no martírio do calvário cospem na sua face numa atitude de ofensa. Na mitologia encontramos muitos personagens gerados pela saliva de heróis e deuses, tais como: Kvasir, Neith – Deusa guerreira, Shu, o ar e Tefnut, a umidade.

Outros momentos históricos registram a presença do veneno como protagonista, como no antigo Egito onde após serem derrotados por Otávio na batalha naval de Áccio, CLEÓPATRA e MARCO ANTONIO teriam cometido suicídio, tendo Cleópatra se deixado picar por uma serpente da espécie Naja , em Alexandria no ano 30 a.C., e o Egito tornou-se inteiramente uma província romana.

A sabedoria acumulada por nossos ancestrais indígenas nos mostra que a natureza  apresenta certa dualidade: de onde sai o veneno, também aparece  a cura!. As plantas venenosas que ora se extrai o veneno para as zarabatanas e as flechas, como armas necessárias para a caça e sobrevivência, porém, a força desse veneno é diluída frente aos conhecimentos e sustentáculos dos Xamãs, Tuxauas e Pajés das tribos indígenas. Os primeiros indícios de xamanismo foram encontrados entre os povos nativos da Sibéria, que desenvolveram uma série de rituais mágico-religiosos para estabelecer contato entre o mundo humano e o sobrenatural. Posteriormente, o xamanismo se espalhou pela Ásia e pela América. A palavra xamanismo deriva do termo saman, que na língua siberiana manchu-tungus quer dizer “aquele que conhece”. Em seus rituais, os xamãs costumam invocar espíritos de ancestrais, animais selvagens e plantas medicinais. “Muitas vezes a atividade do xamã está ligada à prática de cura”.

A história registra ainda a importância dos alquimistas na manipulação de substâncias a serem destinadas tanto como veneno quanto para a cura. A alquimia é uma prática antiga que combina elementos da Química, Antropologia, Astrologia, Magia, Filosofia, Metalurgia, Matemática, Misticismo e Religião. Existem alguns objetivos principais na sua prática. Um deles seria a transmutação dos metais inferiores ao ouro, o outro a obtenção do Elixir da Longa Vida, um remédio que curaria todas as coisas e daria vida longa àqueles que o ingerissem. Ambos os objetivos poderiam ser notas ao obter a pedra filosofal, uma substância mística.

3º SETOR – O VENENO NO DIA-A-DIA

O veneno é algo que o mundo conhece profundamente, a ponto de ter se transformado num símbolo utilizado na literatura, musicas, filmes, novelas, gírias do dia-a-dia.

O mesmo medo da mordida do vampiro vive no medo da língua da vizinha faladeira, e assim o veneno toma conta do nosso consciente real ou imaginário.

Considerada uma das figuras proeminentes do cinema clássico de terror, o vampiro demonstrou ser uma proveitosa fonte de inspiração para a indústria cinematográfica e literária. Drácula desempenha um papel principal em mais filmes que qualquer outro personagem exceto Sherlock Holmes, e muitos filmes do início do cinema foram ou baseados no romance Drácula, ou derivados a partir deste com poucas adaptações.

Quando um humano é mordido, e o veneno é deixado pra se espalhar durante alguns dias. A verdadeira quantidade de tempo de uma transformação depende de quanto veneno está na corrente sanguínea, quão próximo ele está de entrar no coração passa. Uma das mudanças que ocorrem é a cura do corpo das feridas que podem ter ocorrido.

O veneno é comumente associado também à sensualidade feminina, estando presente na música (Menina Veneno), nas novelas (Suave Veneno), na literatura e no cinema (O doce veneno do escorpião), entre outros.

Desde os dramas Shakespeareanos aos policiais de Agatha Cristie o veneno inspira a produção literária, nela, a presença mais ilustre é encontrada naquele que talvez tenha se tornado o mais épico romance onde o veneno figurou: Romeu e Julieta com seu trágico final,. Até mesmo na literatura infantil, pode-se ver a influência do veneno: no clássico “Branca de neve e os 7 anões”….que substância deveria conter a maçã da bruxa má???

Ainda no dia a dia, por muitas vezes nos deparamos com expressões que nos remetem a associação do veneno com nosso cotidiano, a língua da vizinha faladeira, as línguas ferinas, línguas bifurcadas ou as línguas afiadas prontas para destilarem seu veneno.

“O veneno está nos olhos de quem vê, está na boca de quem fala, no ouvido de quem escuta e no coração dos que não amam”. (Provérbio Chinês)

4º SETOR – TANTO MATA QUANTO CURA

Às vezes, a prepotência e arrogância ditam as regras: basta nos lembrarmos das milhares de vitimas das câmaras de gases mortíferas de Hitler, da crueldade no uso de armas químicas, e das vitimas das  cidades de Hiroshima e Nagasaki  que destruídas pelos Estados Unidos da América, através das bombas atômicas, mostrando ao mundo que as sequelas deixadas por esta crueldade que é um veneno sem cura e que mudou drasticamente  a História para sempre.

A essência da vida consiste em transformar ou converter realidade tudo que acreditamos ser benéfico ao universo humano. Diante disso, procuramos expelir toda e qualquer substancia que possa alterar ou destruir nossas funções vitais. Excretar também tudo aquilo que corrompe moralmente; excluir a maldade e a malignidade. Expelir a má intenção e a interpretação maldosa, malévola, enfim a pessoa de má índole.

Na sabedoria popular a busca por estas substâncias curativas estão presentes nas queridas benzedeiras. Os mais velhos certamente possuem referência de uma delas em sua infância, as benzedeiras são aquelas que têm o dom da unção da cura e apresenta se por meio da fé para a cura de doenças, fazem o intermédio do sagrado com o humano, com conhecimento profundo das ervas medicinais as benzedeiras, em especial nos rincões mais distantes, acabam por ser o único recurso dos que precisam de atendimento. Quebranto, desmentidura, mau-olhado, cobrero, espinhela caída, bucho virado, são termos comuns nesta tradição oral.

“O que arde cura, o que aperta segura” (dito popular)
Nossas expectativas e perspectivas são que nossas esperanças  e persistências  resultarão na certeza  da cura.  As provas concretas  disso foi a obra do Doutor Vital Brasil, médico voltado para a saúde pública, graças ao seu zelo, afinco, dedicação ao combate da peste  é que lhe foi designado  a administração do Instituto Butantã. O idealismo do doutor foi além da produção de soros e vacinas: alegava que o coração tem razões que a cabeça não pode compreender. Afirmou ainda que é possível acreditar em um mundo melhor, na beleza do sorriso, no potencial do ser humano e no bem da Ciência.

Concluímos, assim, que o MAL só existe como forma de justificar e valorizar o BEM, e o melhor antídoto pode estar no próprio veneno.

O Grêmio Recreativo e Cultural Águia de Prata, te convida, venha se contagiar nesta noite, pois…

MEU VENENO É COISA PURA


2 comentários

camila · 12 de fevereiro de 2013 às 12:08

quando a aguia de prata começou eu morava na vila da prata adoro vcs.

HENRIQUE · 6 de fevereiro de 2013 às 12:00

EU AMO SER MENBRO DA AGUIA DE PRATA EU SOU FILHO PILA

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