2009 – 9 de Julho – Bragança Pta – Enredo, Sinopse e Letra

Publicado por Rota do Samba em

G.R.C. Escola de Samba 9 de Julho

Bragança Paulista – SP

CARNAVAL 2009

“DE VERMELHO E BRANCO EM BUSCA DO OURO NEGRO”

 

Sinopse

O café, chamado “ouro negro”, Originário da Etiópia, onde já era utilizado em tempos remotos, atravessou o Mediterrâneo e chegou à Europa durante a segunda metade do século 17. Era a época do Barroco e das monarquias absolutas, e a expansão do comércio internacional enriquecia a burguesia. Já no início do século 18, os Cafés tornaram-se centros de encontro e reunião elegante de aristocratas, burgueses e intelectuais.

Pastores etíopes notaram os benefícios do café através de suas cabras, que comiam o fruto (parecido com cereja), tornando-se mais agitadas e resistentes. Começaram então a colher para o próprio consumo, esmagando a fruta com manteiga.

O consumo do café foi propagado pelo Egito, Síria, Turquia e todo o oriente próximo.
Os árabes foram os primeiros a cultivar o café (daí o nome científico de uma das mais importantes e mais consumidas espécies do café -Coffea arábica). E também os primeiros a beber, ao contrário dos pastores pioneiros.

Precedido pela fama de “provocar idéias”, o café conquistou, desde logo, o gosto de escritores, artistas e pensadores. Lord Bacon atribuía-lhe a capacidade de “dar espírito ao que não o tem”. os enciclopedistas eram adeptos fervorosos do café e dos Cafés, que Eça de Queiroz chegou a afirmar, muito depois, que foi do fundo das negras taças “que brotou o raio luminoso de 89”, referindo-se às discussões entre iluministas que precederam a Revolução Francesa. No Brasil, o café anda, derruba matas, desbrava as terras do Oeste.
Foi em 1727 que o oficial português Francisco de Mello Palheta, vindo da Guiana Francesa, trouxe as primeiras mudas da rubiácea para o Brasil.

Enquanto na Europa e nos Estados Unidos o consumo da bebida crescia extraordinariamente, exigindo o constante aumento da produção, o café saltou para o Rio de Janeiro, onde começou a ser plantado em 1781 por João Alberto de Castello Branco. Tinha início, assim, um novo ciclo econômico na história do país. Esgotado o ciclo da mineração do ouro em Minas Gerais, outra riqueza surgia, provocando a emergência de uma aristocracia e promovendo o progresso do Império e da Primeira República.
No vale do Paraíba, São Paulo e Minas Gerais, a cultura só chegou por volta de 1825 com as primeiras lavouras se estabelecendo na região em 1870.

O café representava um novo e próspero ciclo econômico para o Brasil, que desde 1889 se torna o maior produtor mundial desta deliciosa bebida.

A política do café-com-leite foi uma política de revezamento do poder nacional executada na República Velha pelos estados de São Paulo – mais poderoso economicamente, principalmente devido à produção de café – e Minas Gerais – maior pólo eleitoral do país da época e produtor de leite. As cicatrizes desta política foram profundas e determinam até hoje o andamento do país através de modificações permanentes que diferenciam desde então o federalismo no Brasil de como esse sistema funciona no restante dos países do mundo, inclusive nos Estados Unidos, seu maior propagador.

Na madrugada carioca, os caminhos de todos os boêmios convergiam, ziguezagueantes e trôpegos, para o Café Lamas. Depois da meia-noite era para ali que avançavam, a passo vacilante, notívagos e intelectuais saídos de outros Cafés famosos, como o Papagaio, o Cascata, o Café Paris e muitos mais.

Nos movimentados Cafés tomava-se de tudo, inclusive café, servido por ágeis e animados garçons, que talvez não tivessem plena consciência de seu papel na complexa estrutura econômica do Brasil, mas cuja função representava o último elo, fumegante, negro e aromático, da ampla cadeia do café.

Café-com-leite é uma expressão da língua portuguesa usada principalmente no Brasil. Pode retratar a mistura entre duas bebidas famosas: café e o leite. Esses duas bebidas juntas formam uma das bebidas matinais mais consumidas do mundo e tem um grande número de variações como o cappuccino e acompanhamentos como o pão com manteiga.

Depois de conduzido em lombo de burros ou em carros de boi até a estrada de ferro mais próxima, que passava com freqüência pela própria fazenda, era embarcado em vagões, que desciam para o porto de Santos ou do Rio de Janeiro.

A ação urbanizadora do café permitiu a modernização das grandes cidades e motivou a revolução nos transporte com a implantação das primeiras estradas de ferro. As ferrovias paulistas – a primeira das quais, ligando Santos a Jundiaí é de 1867 -, abrindo caminho para o oeste, acompanharam a plástica fronteira verde. E foram plantando cidades em seu avanço. Só em São Paulo, entre 1891 e 1900, foram criados 41 municípios.

Olhando os jornais do dia, ao tomar o fumegante café da manhã, os homens de negócios começam suas atividades diárias. É difícil imaginar começar o dia sem o cafezinho nosso.

É por isso que a Nove de Julho vem demonstrar toda esta riqueza, “De Vermelho e branco, em busca do ouro negro.”

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Paulo D´Angelo Neto

 

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 LETRA DO SAMBA 2009

Compositores: Família Pires – Participação: Quinteto do QG

Bota água pra ferver
Essa energia faz contagiar
Aroma excitante, sabor brasileiro
Tem cheiro de café no ar

Viajando na história, 9 de Julho vem mostra
A saga de um fruto e sua lendas
Na Abissínia foi brotar
Arábia cultivou este prazer
Vinho profano a Europa consagrou
Chega ao Brasil, na malicia de um guerreiro
Fez da muda seu celeiro
Grandeza beleza desse solo tropical
Rompeu fronteiras, seu valor comercial
Transformou-se em riqueza, um produto nacional

No balanço do trem, o progresso que vai
Pra beira do cais
Vermelho e Branco o ouro negro foi buscar
Nessa viagem a coroa foi brilhar

O grito do negro ecoou, na batida do pilão
Na lavoura seu suor derramou
De grão em grão ele semeou
Da abolição à liberdade
O sonho do imigrante a esperança germinou
Elite do país, a nobreza dos barões
A arte e a industrialização
No mundo essa semente é tradição
Esse pretinho envolvente
Vai aquecer seu coração


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